quarta-feira, 13 de agosto de 2014

Ontem, cheguei a uma conclusão daquelas óbvias e súbitas, fruto das já corriqueiras auto-análises espontâneas cuja ocorrência foge do meu controle: eu julgo as pessoas a partir do que eu acho que elas pensam de mim.
Uma atitude obviamente imatura, e potencialmente problemática. Basta imaginar que qualquer pequeno erro de julgamento pode se transformar numa grande tragédia no que diz respeito a interações sociais. Talvez esse seja o principal motivo para, em análises retrospectivas ao fim do dia, me perceber por vezes tão deslocada ou equivocada, quando na hora tudo parecia tão simples e claro.
A explicação é simples: se nossa própria percepção pode mudar ao longo do tempo, imagina a maneira como imaginamos projetar nossa imagem. E mais do que isso, muitas vezes sequer temos consciência de nós mesmos, ou estamos ocupados demais sendo espontâneos, para nos preocuparmos com o que quer que seja que "os outros" estejam pensando a nosso respeito. Na luta entre a espontaneidade e o comedimento, parece que os dias são feitos de autenticidade e as noites são feitas de auto - avaliações. Uma eterna busca por equilíbrio, e a já velha batalha pela maturidade. 
Hoje, novas velhas percepções me cercaram: a minha dificuldade em aceitar certas atitudes que considero condenáveis em pessoas que até então eu tinha em alta conta. Isso só mostra mais um pouco do meu já famoso hábito de julgar os que me rodeiam. Mas vamos e venhamos, quem nunca? De certo, há os que simplesmente não se importam, ou os que somente são realmente muito nobres pra julgar quem quer que seja. Mas eu não me encaixo em nenhuma das situações: se você é importante pra mim, sinto muito, mas suas atitudes vão ser o meu norte pra eu ter qualquer conclusão a seu respeito. Então, sim, isso é um tipo de julgamento.
O mais difícil, porém, dessa história toda é que, por mais que eu julgue, discorde, fique incomodada com atitudes e comportamentos das pessoas ao meu redor, as minhas conclusões são só minhas. E são perfeitamente passíveis de mudanças, assim como cada indivíduo o é. Uma das coisas que aprendi com o tempo é que tudo isso - julgamentos, críticas e opiniões - exige energia demais e reflexão demais para que eu simplesmente comprometa meu tempo e meus esforços de maneira leviana. Seja realizando, até inconscientemente, essas análises (que todos nós fazemos, mesmo que em diferentes níveis), seja partilhando-as indiscriminadamente. O que me falta, muitas vezes, é aquele bom e velho cúmplice. Que entende minhas implicâncias, que ouve meus argumentos e, depois de aguentar o bom e velho choramingo, simplesmente me mostra que as pessoas não são assim tão ruins.

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