domingo, 21 de dezembro de 2008

Gosto muito de falar, falo demais, falo sempre. Nem sempre há nexo, nem sempre as pessoas ouvem, nem sempre eu consigo dizer exatamente o que eu gostaria. Mas ainda assim, não falo metade do que eu gostaria ou deveria dizer.
Você vai convivendo, assistindo a surdez seletiva alheia e acaba escolhendo se calar. Dá preferência a assuntos banais, e quando uma discussão mais importante começa, os egos estão tão inflados que tapam os ouvidos de quem discute.
Decidi postar isso aqui por causa do e-mail do Vinicius no grupo de discussão da Medicina da UFES. Ele deixou bem claro que tem optado pelo silêncio. Eu entendo perfeitamente, as pessoas daquela lista só têm dado ouvidos ao que convém e estufado o peito pra dizer o quão superiores são por ter passado no Vestibular (assim, com letra maiúscula). Um saco! Eu não tenho paciência pra me manifestar, e gostei muito que ele o tenha feito, pois foi muito mais eficiente e elegante (sim, Vini, elegante. ui! - uma coisa que tenho que dizer é que seu estilo de escrever tornou agradável e muito satisfatório ler um e-mail sobre um assunto tão desagradável). Ele disse o que tinha que ser dito, mas duvido que as pessoas leiam aquilo com imparcialidade, seus egos de aprovados no Vestibular e Alunos de Medicina da UFES bloquearão seus olhos, distorcendo a visão, fazendo do Vnicius um cúmplice do inimigo ou um pobre ingênuo enganado pelo grande Mal!
Esse é só um exemplo. O que eu tenho visto são exemplos muito mais próximos de mim. Não falo de pessoas que não gosto, falo de gente próxima e íntima, gente que me vê sempre, teoricamente deveria saber como me sinto, o que penso, me conhecer. Mas não conhece. Extrapolar o exemplo para uma lista de discussão é magnificar uma situação corriqueira de dificuldade de comunicação. Dificuldade minha, quero deixar claro, de ultrapassar barreiras que eu mesma crio para que as pessoas realmente me conheçam. Tive várias conversas nessa última semana, e em muitas delas eu fiquei insatisfeita com o resultado, fiquei pensando que deveria ter dito isso ou aquilo, mas acabei chegando à conclusão que não adiantaria, poderia piorar tudo, as pessoas selecionam o que ouvem e como ouvem, tudo acaba se tornando motivo pra que elas se sintam ofendidas e diretamente agredidas.
Tenho me calado seguidamente, me refugiado em um número extremamente limitado de reais confidentes, como se depositasse parcialmente a minha intimidade aqui e ali com confissões pela metade sobre assuntos que não são assim tão importantes. Vez por outra, um desabafo mal-direcionado escapa, e eu termino por me arrepender de ter aberto a minha boca, pois acabo sendo julgada e tendo o dedo apontado na minha cara mostrando que eu deveria fazer isso ou aquilo, e nunca concordo.
Então eu continuo falando, mas nada que realmente diga alguma coisa. Esbravejo por aí, reclamo que estou cansada, falo de uma coisa ou outra, mas isso nada mais é que um mutismo barulhento e conturbado.

2 comentários:

Anônimo disse...

menção honrosíssima ao Rhamon, por favor.

e, que orgulho, temos vários Capitães-Caráter no medufes. não é de se estufar o peito? ... aham.

don't worry, dani...

PS: queria saber como fazer pra que o silêncio fizesse tão bem às pessoas que precisam dele quanto faz pra mim.

 Amelie disse...

Vou ficar em silêncio. Não sei o que dizer. :)