quarta-feira, 8 de maio de 2013

- Você mergulhou de cabeça nisso e ta deixando a sua própria vida de lado!
- Mas mãe! Acho que eu faço isso desde que tava na sua barriga!
Sim, minha mãe estava certa. Como sempre está, na questões mais importantes. Aliás, ela só erra quando resolver deixar de lado o próprio bem-estar pra cuidar dos outros. Daí se vê que esse mergulhar de cabeça a que ela se refere (e diz respeito a problemas familiares que vão além da minha alçada e eu tento controlar) não começou comigo, eu tenho a quem puxar, afinal de contas.
Ela é minha mãe, se preocupa com meu futuro:
- Você não estuda mais, e a gente já ta em maio!
Sim, o medo dela também é meu: adiar por mais um ano meus planos. Romanticamente ela chegou até a falar em abrir mão dos meus sonhos.
Mas pra que existem os sonhos, se a gente não puder abrir mão deles por algo que a gente julgue mais importante? Pra nos tornar escravos das nossas idealizações? Ou mesmo nos fazer perseguir pseudo-objetivos mais baseados em devaneios que em verdadeiras metas de realização.
Minha mãe mesmo foi um exemplo de abdicação e reformulação dos próprios sonhos. E aposto que ela não se arrepende de ter feito os sacrifícios que fez. A cada vez que o celular toca, com a música que foi usada na entrada da minha colação de grau, eu tenho certeza de que ela sabe que tomou as decisões corretas.
E eu espero que ela saiba: que eu não mudei totalmente de caminho, só fiz um desvio; que foi ela quem me mostrou que família sempre é prioridade; que ninguém perde por se dedicar a pessoas que realmente merecem; e que nunca nenhum sonho, meta, objetivo ou desejo vai ser mais importante do que saber que eu fiz tudo que podia ou devia por ela, meu pai e meu irmão.

(E mais uma vez tentei abolir o filtro e a autocrítica, e escrever o que precisava ser escrito. Agora eu acho que eu durmo.)

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